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sábado, 31 de março de 2007

NÃO E LARANJA, NÃO E LIMA É LIMÃO

Não é lima, é limão.




Tinha riacho e lambari, vaca, pasto, bambuzal com saci.

Perereca da vizinha, sapaiada na hora de dormir

Cobra, gato, muito mato, vira lata e o pé sem sapato.

Campinho, punheta e carrapato, no quintal tinha até pato.

Escolinha de madeira, venda, coceira e permanganato.


Quando novinho, a mãe dizia _Aqui vai melhorar!

Avenida, praça, ônibus até prédio de dez andar.

Menino besta, sonhador de revista olho perdido no futuro,

que nem filme em quarto escuro ainda a se revelar.

A maravilha dos quadrinhos que seria esse lugar!


Ai teve asfalto, carro, esgoto, fim do barro, sobressalto.

De manhã um morto, tardinha um corpo, à noite assalto.

Lugar sem inocência, criança que espera criança, saliência.

Ônibus teve, virei pingente, marmita magra, trabalho indecente.

Tesão sem amor, barrigas vazias, crianças sem cor, quanta gente.


Agora é favela farinha grade janela, vigia, porta com tramela.

Ainda não tem avenida, riacho agora é ferida, lambari virou merda, já era.

Tem cachaça, cachimbo, crack já não é de bola, o barato um saco de cola.

É racha na rua, e o patrão é o cara na boca maldita da porta de bar.

Tem cafetão honesto laranja esperto, não é lima é Limão. Porra é meu lugar!

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