Não é lima, é limão.
Tinha riacho e lambari, vaca, pasto, bambuzal com saci.
Perereca da vizinha, sapaiada na hora de dormir
Cobra, gato, muito mato, vira lata e o pé sem sapato.
Campinho, punheta e carrapato, no quintal tinha até pato.
Escolinha de madeira, venda, coceira e permanganato.
Quando novinho, a mãe dizia _Aqui vai melhorar!
Avenida, praça, ônibus até prédio de dez andar.
Menino besta, sonhador de revista olho perdido no futuro,
que nem filme em quarto escuro ainda a se revelar.
A maravilha dos quadrinhos que seria esse lugar!
Ai teve asfalto, carro, esgoto, fim do barro, sobressalto.
De manhã um morto, tardinha um corpo, à noite assalto.
Lugar sem inocência, criança que espera criança, saliência.
Ônibus teve, virei pingente, marmita magra, trabalho indecente.
Tesão sem amor, barrigas vazias, crianças sem cor, quanta gente.
Agora é favela farinha grade janela, vigia, porta com tramela.
Ainda não tem avenida, riacho agora é ferida, lambari virou merda, já era.
Tem cachaça, cachimbo, crack já não é de bola, o barato um saco de cola.
É racha na rua, e o patrão é o cara na boca maldita da porta de bar.
Tem cafetão honesto laranja esperto, não é lima é Limão. Porra é meu lugar!
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