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sábado, 21 de abril de 2007

A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR!!!!

SERÁ QUE EXISTE DIFERENÇA, ENTRE UMA UNIVERSIDADE AMERICANA, O IRAQUE E O RIO DE JANEIRO??

Humanun Est

Humanun Est

Os limites entre arte e anatomia



Autor: Antonio Marcos da Costa

Ao perguntarmos qual o limite entre arte, estética, ciência, sensacionalismo e mau gosto podemos entrar em conflito com as varias respostas dadas, pois é uma questão emocional, todo ser tem maneiras diferentes de encarar o mundo com visões claras de que gosta ou não, mas na exposição referente ao corpo humano na Oca do Ibirapuera, podemos ter reações surpreendentes e inesperadas e inusitadas.

Um profissional da área de saúde encara a mesma como um parque de diversões, como qualquer criança encararia, já a criança pode tanto encarar como uma situação de extrema curiosidade como o mais horrendo dos filmes de terror. Quanto aos leigos adultos tem formas de reação diferentes, mas que em geral terminam da mesma forma, na completa curiosidade infantil. As religiões implicitaram em nossos cérebros, a imagem teológica de que nosso corpo é de certa forma santo, já que foi criado a imagem dos deuses e essa santificação do corpo faz com que o encaremos como tabu, uma zona proibida, um templo sagrado reduto da pureza da alma. Então como encarar tamanha santidade?



Podemos encarar pelo lado biológico de que o corpo humano é 80% água, basicamente composto de carbono, cálcio e outros minerais, talvez assim desmistifiquemos um pouco tal mito milenar do corpo santo. Só que somos também em sua maioria leigos em ciências biológicas para assim encararmos a exposição de nossa forma física como carne ossos e sangue simplesmente, um monte de matéria orgânica simplesmente. Nos seria prático, mas nos ocidentais temos a mania hereditária da impraticidade, digo isso porque se fossemos nativos da Oceania ou da América pré-colombiana, encararíamos tal exposição de corpos dissecados e órgãos expostos como um grande estoque de comida (ou desperdício já que os corpos estão resinados e impraticáveis para consumo) assim como olhamos com olhos de gourmet, quando vamos a um açougue ou mercado; afinal quantos de nós pensamos que leitão, cordeiro, ou seja, lá o que estiver sendo exposto na vitrine do mercado como uma vida, um ser também. Seriam os canibais mais práticos que nós ao enxergar um outro semelhante como simples comida? É... Realmente é estranho nos imaginarmos como peças de carne no açougue, assim como é estranho nos imaginarmos como um amontoado de matéria orgânica, proteínas, sais minerais, água e cálcio. Por isso devemos visitar essa exposição com olhos atentos não só a ela em si, mas sobretudo ao publico presente e as reações diversas e dispares que iremos presenciar.

É comum notarmos expressões de nojo, principalmente por parte do publico feminino de idade jovem, misturadas com o receio de estar entre pessoas mortas, dos mais velhos e religiosos, e uma certa reverencia por parte de alguns ao falar baixo, como agem as pessoas em templos e velórios, ou o fascínio desmedido das crianças com sua metralhadora giratória de perguntas infindas, e também o descaramento típico dos adolescentes e suas risadas; afinal eles vêem coisas muito piores, nos filmes e vídeo games de hoje aonde um corpo mutilado, é programa de sessão da tarde, mas sobretudo é importante notar que todas essas reações vão desaparecendo e dando lugar a uma só comum à todos; a curiosidade. É tão grande o fascínio, que a falta de conhecimento de nosso próprio corpo exerce sobre nós, que acabam todos, mergulhados na mais completa viagem pelos meandros e entremeios de ossos, veias, músculos e feixes de nervos.

Eu como leigo tinha minhas reservas com tal evento, achava que seria um espetáculo de mal gosto explicito, um circo de horrores nada mais, mas como jornalista e admirador das ciências naturais, tinha uma curiosidade extrema sobre certos aspectos da forma humana, e confesso que mudei radicalmente minhas opiniões sobre o que vi, e ao indagar pessoas presentes sobre a exposição, notei que muitos compartilhavam dos mesmos sentimentos de das mesmas conclusões que cheguei, também percebi que muitos dos presentes, só compareceu, pois a exposição é um vento da moda devido as repercussões que causou em paises por onde passou anteriormente. Quer dizer muitas pessoas foram para lá como se fosse ver obras de Rodin, Michelangelo, ou se fossem a um salão do automóvel... foram porque é um evento da moda, mas se surpreenderam em ser cada vez mais curiosos.

É bom salientar aqui, que foi a capacidade de pensar praticamente, e de usar esse pensamento aliado a sua eterna curiosidade, que fez da espécie humana a espécie dominante, apesar de menos preparada fisicamente que todas as outras a resistir ao meio e as intempéries. Com essa lembrança podemos ter a esperança que tal exposição possa ter despertado a curiosidade em muitos e isso leve esses mesmos a ser no futuro médicos, pesquisadores, biólogos curiosos e interessados em ciência, tornando assim o acesso a cultura mais dinâmica e democrática, apesar dos preços inacessíveis a maioria da população, com ingressos á R$ 30,00 adultos pagantes e R$ 15,00 estudantes aposentados maiores de 65 anos.



Quanto a questão inicial se há limites entre ciência, arte, estética, sensacionalismo e mau
gosto, é melhor deixar de fora o sensacionalismo e o mau gosto, que aqui não são cabíveis e lembrar que arte e ciência sempre estiveram próximas, aonde artistas dissecavam como estudo de anatomia e anatomistas contratavam artistas para ilustrar seus estudos, botânicos estudavam pintura para fazer suas pesquisas compreendidas e se analisarmos a arte desde a antiga Grécia notaremos um que de coisa viva em esculturas de mármore e afrescos e na renascença essa expressão viva, é ainda mais notada em Michelangelo, Da Vinci e outros. Um grande exemplo disso é o estudo de bico de pena feito pelo artista e anatomista, espanhol Juan Valverde Amusco em 1549 que foi revisto agora em ossos, carne, nervos, plastiline, e pele nessa exposição

sábado, 14 de abril de 2007

A VERDADE MERECE AÇOITE?

Em entrevista ao site da BBC, pela ocasião das comemorações dos 200 anos de fim do trafico negreiro pelos ingleses, Matilde Ribeiro, titular da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) não imaginava o imbróglio desconfortável, que uma declaração sua ia causar no meio político e social do país. Em resposta a pergunta se no Brasil ainda existe racismo e se existe preconceito do negro com o branco Ela disse
- Eu acho natural que tenha. Mas não é na mesma dimensão que nos Estados Unidos. Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. Racismo é quando uma maioria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos de outros. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso. Não acho que seja uma coisa boa. Mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou.
Sem querer polemizar mais ainda, e sem defender a postura confusa da ministra ou quem sabe, jogar um balde de gasolina nessa questão já incandescente, precisamos ver algumas questões pela berlinda prática da vida. Há muito tempo nesse país desde a abolição, passando pelas Republicas, Estado Novo e o nefasto período militar, tem se tentado construir a mítica idéia de uma nação politicamente correta nas questões raciais e sociais, é comum nesse país a frase que somos uma democracia racial, ou ouvirmos dizer que no Brasil não tem preconceito e bla bla bla, mas que Estado e esse que não tem preconceitos, mas precisou da falecida e inoperante lei Afonso Arinos durante anos, e que incluiu em sua constituição no artigo 5º incisos XLI e XLII sanções penais especificas sobre o tema?
Será que existe uma dicotomia entre lei e realidade? Se há essa contradição porque então da existência da SEPIR?
Com certeza a Senhora Ministra não foi feliz em sua colocação, mas um fundo de verdade em suas palavras existe, uma comprovação disso é o espelho de nossa sociedade que reflete a condição da população negra; presente em sua grande massa de trabalhadores, mas curiosamente praticamente inexistente nos extratos mais seletivos da mesma.
Os pardos (se é que isso existe) e negros como conta o IBGE são maioria na população, mas praticamente não contam das estatísticas dos cargos de alta hierarquia, seja no setor publico ou privado, civil ou militar. Até mesmo nos bancos das universidades são raros, sempre minoria. Oras bolas! se o contingente universitário vem em sua maioria do seio do povo onde estão os pardos e negros?
Se o próprio governo federal vê necessidade de uma secretária para promover a igualdade racial; essa tal igualdade não existe; e se não existe igualdade racial; existe preconceito? É claro que sim; existe preconceito, pois desigualdade racial não pode existir sem a sombra cinzenta do racismo. E o racismo brasileiro é pior que existe, o velado, aquele que não se revela e mostra a cara, é aquele que da tapinha nas costas, sorrisos e salamaleques, mas que nega a vaga, ou procura pessoas de “boa aparência” é o que diz que tem uma bisavó negra, mas ai da filha se aparecer com um namoradinho mais escuro. _Ele não serve para você, menina. É o que dizem.
Seriamos tolos se acreditássemos que a população negra, não percebe isso, pois percebe na pele e no dia a dia de sua peregrinação para se integrar ao mercado de trabalho, a escola ou a uma situação financeira mais prospera, e como vitima dessa situação reage, não com pedras e paus como na áfrica do sul, ou saqueando e queimando lojas, como em Los Angeles, mas evitando o convívio com os seus opressores, fechando se em guetos invisíveis, sempre evitando ocupar o mesmo espaço físico e social daqueles que não são iguais.
Quando Matilde Ribeiro diz que o açoitado, não tem obrigação de gostar de quem o açoitou, enfiou o dedo em uma ferida que essa nação teima em esquecer, mas que é incomoda e dolorida principalmente aos açoitados, que sempre são lembrados de sua situação passada, seja pelas situações vexatórias que passa diariamente; seja pelas piadinhas infames e politicamente incorretas que escutam assiduamente. Ou não corre a lenda que a Lei Áurea foi escrita a lápis? Duvido qual negro nesse país não ouviu essa piada, pelo menos uma vez na vida e que a mesma não doeu naquela hora como o mais vil dos açoites?
Sendo assim, aos que reagiram como vitimas quando tomaram ciência de tais palavras, se postando como politicamente corretos defensores da igualdade humana, lembrem se, todos os homens nascem iguais, porem alguns são mais iguais que os outros. E como disse Abrahan Lincoln _Todos os homens nascem iguais , mas é a ultima vez que o são...

sábado, 31 de março de 2007

NÃO E LARANJA, NÃO E LIMA É LIMÃO

Não é lima, é limão.




Tinha riacho e lambari, vaca, pasto, bambuzal com saci.

Perereca da vizinha, sapaiada na hora de dormir

Cobra, gato, muito mato, vira lata e o pé sem sapato.

Campinho, punheta e carrapato, no quintal tinha até pato.

Escolinha de madeira, venda, coceira e permanganato.


Quando novinho, a mãe dizia _Aqui vai melhorar!

Avenida, praça, ônibus até prédio de dez andar.

Menino besta, sonhador de revista olho perdido no futuro,

que nem filme em quarto escuro ainda a se revelar.

A maravilha dos quadrinhos que seria esse lugar!


Ai teve asfalto, carro, esgoto, fim do barro, sobressalto.

De manhã um morto, tardinha um corpo, à noite assalto.

Lugar sem inocência, criança que espera criança, saliência.

Ônibus teve, virei pingente, marmita magra, trabalho indecente.

Tesão sem amor, barrigas vazias, crianças sem cor, quanta gente.


Agora é favela farinha grade janela, vigia, porta com tramela.

Ainda não tem avenida, riacho agora é ferida, lambari virou merda, já era.

Tem cachaça, cachimbo, crack já não é de bola, o barato um saco de cola.

É racha na rua, e o patrão é o cara na boca maldita da porta de bar.

Tem cafetão honesto laranja esperto, não é lima é Limão. Porra é meu lugar!

segunda-feira, 26 de março de 2007

PUREZA

Hoje eu encontrei Pureza. É isso mesmo, com maiúscula sim, pois encontrei Pureza dentro de uma loja no Largo do Limão folheando cadernos infantis com lindas capas coloridas, enquanto vendedoras desesperadas, e despreparadas imaginavam um modo de colocá-la para fora. É que Pureza no seu estado normal não é muito apresentável socialmente e não cheira muito bem para nossos padrões civilizados, afinal ela é num termo politicamente incorreto, uma mendiga ou em um bom paulistanês,uma “mindinga” ou como se diz hoje, uma sem teto ou sendo mais chique “homeless”.
Pureza é assim uma personagem desse cotidiano meio insano, de uma metrópole como São Paulo, figura conhecida das regiões norte e oeste da capital assim como foi Jacaré, Pixoxó, Bifinha ou Bola Sete, e como todo sem teto tem uma aura mística que os envolve como uma mágica incompleta, ou ato inacabado de ópera bufa, cada um com sua historia enigmática e particularidades sutis.
Pureza em sua meiguice ininterrupta tem as suas, como todos e para justificar seu estado de pureza, sempre responde a perguntas tão simples como _Tudo bem senhora? Com frases como... _Não sou senhora, sou senhorita, sou pureza! _Senhora não! Sou virgem e pura; pura como a luz _Eu sou pureza! _Eu sou pura, imaculada!
Isso sempre de voz baixa sem gritos ou desrespeito, sempre sorrindo, como devem sorrir os puros, senão de corpo pelo menos de alma. Não sabemos seu nome, se tem família, se realmente é virgem, mas sabemos que é pura...de alma, não importa suas roupas sujas, seu saco de roupas companheiro, seus sapatos corroídos e nem sempre do mesmo par, ou seu odor desagradável, ela é pura e sendo assim devia dar exemplo aos “puros” de imagem ou de perfume inebriante e seus lindos sorrisos enganadores, um exemplo de educação, humildade e pureza.
Toda vez que olharmos Pureza em seus andrajos, devemos nos envergonhar de termos tudo, e todas as chances, de sermos para nós e nossos semelhantes seres dignos de confiança, pois Pureza não pede nada, não pega nada sem ordem ou se aproveita a distração de ninguém para sobreviver, ela vive do que encontra e do que alguém doa de coração,sem exigir nada em contrapartida, muito contrário do que estamos acostumados em nossa mesquinha sociedade, principalmente aqueles que deveriam ser os verdadeiros puros entre nós, nossos religiosos, empresários, policiais e sobretudo políticos paz e amor, empenhados cada vês mais em escusas negociatas e acordos promíscuos e enriquecimento desproporcionais em detrimento as suas verdadeiras funções e deveres sociais.
Dos empresários não deveríamos esperar muito, pois sinto que em 99% dos mesmos perdura a inexistência de coração e absoluta ausência de alma, Já nossas policias são de tamanha inoperância física como também de incrível imundice corporativa.
Nossos religiosos quando não são atraídos pelos 12 dinheiros de Judas, são promíscuos em corpo e fracos em repartir o pão como rezam os dogmas.
Políticos... Que seres são esses? Habitam o seio de nossa sociedade, se portam como jacarés nas corredeiras, com as bocarras escancaradas esperando que peixes gordos nelas caiam, e escorreguem por goela abaixo.
Se as lendas e escrituras religiosas estiverem certas da existência dos abismos infernais, com certeza seu senhor é político, seu criador também o era, e hoje quem administra é político de carreira; políticos esses que deveriam ter curso intensivo com nossa Pureza, para ver se aprendem como serem humanos e se despirem das suas imaculadas vestes de grife Giorgio Armani, se tornem simplesmente puros; puros não de corpo, mas de alma e atos como Pureza.

domingo, 25 de março de 2007

O ETERNO ACALANTO LENTO, PARA ADORMECER BOVINOS

Ao serem instituídas as cotas universitárias para afro descendentes, indígenas e deficientes físicos, surgiram varias opiniões, na maioria das vezes contraditórias. Uns acham que tal ato fere os direitos de igualdade previstos em nossa constituição, outros já acham que é uma forma de preconceito e racismo, já há os que acham que a qualidade do ensino superior no nosso país cairá, e que esses alunos quando formados carregarão o fardo muito pesado de cotistas, levando os mesmos a serem execrados do mercado de trabalho. Há ainda os que acham que cotistas oriundos das escolas publicas, não acompanharão o ritmo e qualidade dos alunos que vieram de instituições particulares, ledo engano. Uma particularidade me surpreende nessas reclamações um tanto infundadas, boa parte delas vem de docentes e reitores e de discentes que não tem o mínimo motivo para reclamar pois são oriundos de classes mais abastadas demonstrando que se esse país não é pelo menos irônico é no mínimo ignorante.
Tenho plena convicção que, para me fazer entender tenho que relembrar que historicamente tanto negros índios ou deficientes físicos sempre foram excluídos pela nossa sociedade, só o fato do sistema de ocupação do país pelos europeus, massacrando o povo nativo sem discriminação de idade ou sexo, a importação de africanos estigmatizando para todo o sempre o índio como preguiçoso e incapaz para o trabalho escravo, temos ainda o próprio sistema escravagista que tratava o negro como simples coisa, um mero animal de carga e ganho e sua “libertação” que ao extinguir com uma penada a escravidão no dia 13 de maio de 1888 deu um legitimo “pé na bunda” de milhares de pessoas que de repente já no dia 14 não tinha aonde dormir, aonde comer, aonde morar restando para esses a solidão da estrada ou periferia das cidades. E os deficientes que ate hoje são desrespeitados em seu direitos diariamente, que sempre nesse arremedo de nação foram tratados como escoria ou como invisíveis, que sempre serviram para cantar na feira, esmolar a saída da missa, que sempre foram pichados de aleijados, mancos, coxos, manetas, ou o ceguinho da esquina, mas nunca como senhor, senhora, menino, menina. São aqueles que não tem ônibus, que não tem escola, calçada, via ou acesso.
É incrível como temos tantos críticos as cotas, que lançam retóricas sofistas ao vento sem ao menos pensar em fatores intrínsecos nessa questão, como por exemplo, que as cotas do Prouni, não são vagas que pertencem a outras pessoas por direito, e sim vagas remanescentes que ficariam ociosas até o fim das respectivas turmas, e que são importantíssimas para aqueles que não tem condições de pagar as mensalidades exorbitantes das universidades privadas, ou não foram aprovados nos massacrantes vestibulares para as publicas. Será que ninguém pensou que esses cotistas serão avaliados igualitariamente durante todo o processo de formação? E que a própria lei prevê, que não haverá de forma alguma distinção na forma de avaliação desses alunos. E aos sofistas ainda de plantão, saibam que após 2 anos de implantação do sistema, tanto o Ministério da Educação quanto as entidades mantenedoras e as universidades publicas que adotaram o mesmo processo chegaram a conclusão depois de pesquisas e estatísticas, que os alunos do Prouni tem aproveitamento de 25% a 40% maior que os alunos não cotistas, superando em alguns casos, alunos vindos do ensino médio de escolas particulares, e que os cotistas tem notas iguais ou superiores aos outros, e não costumam ficar com matérias em dependência, e quase nunca de exame.
Isso prova que talento não depende de etnia, escola publica, privada ou condição física; prova sim que temos distorções sociais graves nesse país, que o preconceito esta incutido e embutido no subconsciente das classes. Afinal o que vale mais, um cotista aprovado com méritos ou um aluno normal impedido de se formar devido ao excesso de dependências, ou quem sabe um aluno desistente?
Enfim, enquanto não nos livrar mos dos nossos preconceitos étnicos e sociais, que ainda contrata por boa aparência européia, enquanto não abolirmos de vez todos os estereótipos malditos que nos acompanham desde 1500. Enquanto nossos pseudo governantes não entenderem que a fabrica de analfabetos funcionais deve acabar, e que se a educação no país continuar claudicante, esse país não terá futuro, as cotas terão que existir e assim continuaremos a ouvir esse eterno acalanto lento para adormecer bovinos, daqueles que são contra as cotas.

O PAIS DOS FRACASSADOS


ESSA FOTO DE MARCOS TRISTÃO FOTÓGRAFO DA AGENCIA O GLOBO QUE FOCALIZOU O FRACASSO SOCIAL DESSE PAÍS NA PESSOA DE EDNA EZEQUIEL(29 ANOS), MÃE DE ALANA EZEQUIEL(12 ANOS) MORTA EM MAIS UM TIROTEIO ENTRE POLICIAIS E OS SOLDADOS DO TRÁFICO CARIÓCA.

ESSE TEXTO JÁ TEM QUASE UM ANO DE ESCRITO..E SÓ ESTOU REAVIVANDO, POIS O TEMA É PERTINENTE.....

Ontem ao ver as cenas do documentário Falcão, meninos do trafico. Nada me surpreendeu, nem uma cena, nem uma fala ou depoimento, afinal sempre morei na periferia de uma metrópole. E hoje as cenas de sociólogos, artistas e educadores dando depoimentos vãos também não. Assim como a pieguice da Dona Rede Globo de Televisão agindo como se tivesse feito um favor à sociedade brasileira ao “denunciar” fatos terríveis que ocorrem na calada da noite, dos morros cariocas, capixabas, ou das baixadas e favelas paulistas. Essa emissora é com certeza de um dos culpados, pela situação caótica desse país, assim como a total alienação das esferas estatais, ao desenvolvimento humano, social e cultural e educativo, que age como mola mestra da miséria. Ou a mediocridade das ordens religiosas, que só querem o lucro fácil do dizimo que vem a baldes quanto mais aumenta o desespero do brasileiro, e adoram se vangloriar que esse é o maior país cristão do mundo. Assim como a sociedade dominante, dona tanto do poder financeiro como do poder de decisão ou formador de opinião, e que não se interessa pela vida daqueles que lavam seu chão, que servem a mesa ou trabalham em suas fabricas.Essa sociedade não se interessa porque, age ainda como os mesmos senhores de escravos do passado. Eles não querem saber como vivem seus subalternos, só querem saber se eles estão vivos para servi-los, sob o jugo de uma renumeração ridícula e vergonhosa e infame. O “sinhô” patrão de hoje, não é nem um pouco diferente do “sinhôs” donos de escravos que construíram esse país com carne humana, e o pintaram com sangue fresco; só que hoje essa carne e esse sangue, para aumentar a audiência surgem no horário nobre da televisão.
Essas cenas só vêm demonstrar o quanto estamos fracassando como nação, pois uma pátria deve ser considerada um fiasco quando é inoperante, nas suas premissas básicas do campo social e humano, na formação de seus cidadãos, na veracidade de suas instituições como mantenedoras da dignidade humana, e o bem estar de seu povo.O fracasso é dom dos incompetentes ou daqueles que não dão a mínima para as conseqüências de seus atos, mas não podemos enxergar só o fracasso alheio e sim o nosso, pessoal e intransferível, pois somos todos fracassados ao não exigirmos do estado incompetente, atitudes que nos foram só prometidas no inciso I do artigo primeiro, até o artigo XXXIV de nossa carta magna, que nos dêem escolas dignas, um sistema de saúde que não seja mais doente que a população, saneamento básico, cultura, lazer, dignidade e pão. Somos a imagem do fracasso quando não forçamos de uma maneira ou de outra, que os “sinhôs” patrões de hoje valorizem a mão de obra, e não olhem um trabalhador somente como um ser descartável, que pode dar a eles só lucro ou conforto. E que por traz daqueles rostos não tão bonitinhos e imaculados como os deles ou com uma voz diferente e vocabulário errado e talvez estranho aos seus singelos ouvidos burgueses, existem famílias, filhos, vidas, pais e mães e que às vezes esses mesmos habitam lugares e comem pratos, que esses mesmos “sinhôs” não proporcionariam aos seus cães importados de língua azul. É nosso, o mesmo fracasso que lambe os cálices dos religiosos, implorando por uma misera hóstia para matar fome, e um gole de vinho santificado para uma maldita sede, pois não sabemos exigir das igrejas e afins que deixem de ser somente intermediários dos céus e façam algo útil com os trinta dinheiros do dizimo, em vez de só aumentar o fausto dos templos, ou financiar a libertinagem de sacerdotes fashion, mais adeptos das artes de um Marques de Sade do que as vontades celestes.As imagens que MV Bill coletou pelo país, e que foram exibidos pela demagoga Rede Globo refletem como espelho dela mesma, o fracasso do povo que não sabe cobrar dessa rede uma influencia melhor nos destinos sociais desses pais; eu disse melhor, pois já é há muito tempo a maior e é quem decide as influencias que ditarão tendências e destinos do país, poderosa e implacável em seus mandos subliminares, impondo modas, políticos barbudos ou coloridos ou Tatis cantando imundos funks, que fariam as mais devassas prostitutas corarem como noviças de tenra idade, para patricinhas deslumbradas quebrarem o barraco numa imitação barata do mundo pobre. Se esse veiculo de comunicação tem esse poder, devemos então exigir que esse poder seja usado para as mudanças significativas que nossa sociedade merece, e não simples migalhas no horário nobre.Devemos sim cobrar uma qualidade cultural melhor, que mostrem aos nossos filhos algo alem da futilidade romântica das novelas ou das animações japonesas de olhos enormes. Se essa emissora se arvora ao posto de deus, quando decide qual vai ser a musica típica do verão, qual será a moda das ruas, ou o assunto das mesas no happy hour, porque então não ser ela o estopim de uma nova mentalidade política e cultural? Porque como fracassados que somos não conseguimos isso.Não conseguimos que nossos políticos não passem também de um bando de laureados doutores da ignorância, mais interessados no eldorado financeiro do cerrado, e o ouro fácil das convocações extraordinárias do que no povo que os elegeram acreditando em promessas tão vagas como utópicas de dentaduras, empregos, segurança ou a terra prometida. Promessas essas, que vem até de quem não deveria por ser um representante do povo, alçado a condição de chefe de estado. Ou será mestre de cerimônias? Pois nos prometeu um espetáculo, só que esqueceu de avisar os artistas principais, principalmente um tal de crescimento tão ansiosamente esperado pela faminta platéia, que só o viu se fazer de mártir, mas ocupa com méritos o trono do poder, como herdeiro dos déspotas fardados ou não, que sugaram a jugular desse povo por anos, décadas, séculos.
Então continuaremos fracassados, vendo as imagens de nossa derrota social como povo, sociedade, nação? Continuaremos a ver nossas desgraças jogadas em nossa cara como frias tortas de pastelão? Continuaremos a passar inertes pelas infâncias assassinadas de nossos meninos?Ou será que um dia teremos a coragem de chutar as portas de nossas instituições e cobrar atitudes validas que resultem em algo concreto?Teremos a consciência de bater nas portas dos quartos de nossos governantes e gritar bem alto na cara deles _ E agora José, vai fazer alguma coisa ou vai ficar ai parado? Temos que tomar alguma atitude, já que temos um belo país e precisamos retira-lo desse estado permanente de arremedo de nação, temos que fazer a dignidade subir o morro, mas não vestido de verde e de FAL na mão, e sim com livros, saneamento básico, cursos profissionalizantes, saúde, empregos, chances, oportunidades, lazer, comida. Temos que ter o estado onipresente, onisciente e onipotente nas favelas, pois é assim que os “patrões” agem hoje como se fossem os verdadeiros detentores do poder publico, é como se tivessem se apossado, das armas e brasões da união estados e prefeituras. É a oficialização do poder paralelo, travestida de incompetência do governo de fato, é a instituição do caos embalado pela sonoridade pornográfica dos proibidões, é a falência das instituições sacramentada pelo prazer onírico do “papel de 10” seja no Leblon ou no Morumbi.Até quando permitiremos isso? Até quando fracassaremos nisso?Até quando o Brasil será o país do futuro, se é que nem temos presente?